mamona

    Imagine utilizar a água residual das indústrias, principal causadora da poluição de rios, açudes e córregos, para irrigar os plantios da mamona. É essa a proposta da mais recente pesquisa que vem sendo realizada na Embrapa Algodão de Campina Grande. O estudo pretende comprovar a viabilidade do uso de águas residuais no plantio e irrigação da mamona, com a vantagem de reduzir em 40%, no mínimo, os custos com a produção.

    Segundo o pesquisador Napoleão Beltrão, da Embrapa Algodão, orientador da pesquisa, além de dispensar a utilização de adubos nos plantios de mamona e a água limpa dos reservatórios de abastecimento das cidades, a irrigação com águas residuais oferecerá melhor destino às águas poluídas que não têm serventia para uso humano ou industrial. “É possível dar um destino correto à água residual, cuja fertilidade na irrigação da mamona está comprovada, ao mesmo tempo em que se faz um monitoramento do solo”, disse.

    A pesquisa, desenvolvida pela aluna de mestrado em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Josilda de França Xavier, começou há 120 dias e o resultado final será conhecido em novembro próximo. No entanto, os resultados iniciais já comprovam a viabilidade no uso da água residual. Na pesquisa estão sendo utilizadas amostras da variedade BRS 149 da mamona nordestina, mais plantada na região. O plantio é feito em uma série de vasos e a irrigação com quatro diferentes tipos de água. A água limpa retirada dos reservatórios (mesma água utilizada nas residências) e água de indústrias instaladas no município, como Ipelsa, Coteminas e Lebom. Das indústrias são recolhidas amostras de água residual que passam por um processo chamado de “pré-limpeza” para retirada de resíduos mais sólidos.

    Josilda Xavier explicou que a água residual é rica em fósforo e nitrogênio, componentes que proporcionaram, em pouco tempo, maior crescimento e volume às amostras da mamona. “É por isso que essa água residual pode ser utilizada no lugar do adubo”. Após a apresentação dos resultados finais, a pesquisa será levada para o campo (nesta primeira fase os testes estão acontecendo na Embrapa de Campina Grande). Em seguida será dimensionado o potencial de cada indústria campinense e a quantidade de água residual que poderá ser utilizada na irrigação da mamona.

    Napoleão assegurou que a mamona irrigada com a água residual não acarretará prejuízos à produção do biodiesel. Pelo contrário, o fósforo e nitrogênio encontrados na água residual são responsáveis por uma produção mais volumosa. Beltrão lembra ainda, que a mamona não seria utilizada para consumo humano. Por isso a irrigação com águas residuais pode ser feita sem problemas.

ANA CLÁUDIA PAPES

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